sexta-feira, 2 de setembro de 2011

OS CHAVÕES ECTINICOS QUE MUITOS QUEREM PERPECTUAR

SULANOS, LANGAS OU SEJA LÁ O QUE FOR O QUE NOS UNE É ANGOLA
Com muita regularidade oiço a Radio Ecclesia. Posso me gabar de ser ao fim de contas um ouvinte assiduo. Que o digam os colegas de profissâo da casa que em mesmo que poucas vezes ouviram de mim uma critica ou um elogio fruto das minhas audições atentas.
Em consequencia disso, retive da crónica VISÃO JORNALISTICA, chancelada pelos kotas Mauricio Camuto Siona Casimiro uma analise à frio em torno do insulto à “sulanos” no nosso parlamento (que uns escribas chamam emiciclo, não sei por que carga d’agua) que afinal tinham derivado do mal entendido da palavra SOBERANO.
Segundo os kotas autores da conica o soneto foi pior ou seja o corrector usado não foi bastante eficiente para apagar a mancha e pouca gente engoliu o sapo, apesar de a margem do evento da SADC termos vindo o autor da emenda em rasgados sorrisos com membros do grupo insultado ou no minimo que assim se sentiu. Portanto os sorrisos podem ser considerados como sendo parte da falsidade da politica onde afinal 2+2 nem sempre é iguam a 4.
Depois de toda essa encrenca lembrei-me que SULANO é insulto sim- Cresci a ouvir esta palavra lançada como favas aos nossos vizinhos nas traseiras da descasca na vila do Bolongongo. Muito estivessemos sujos depois de jogar a bola vezes sem conta o adultos diziam: ESTAS TÃO SUJO PARECE UM SULANO, PARECE UM BAILUNDO, PARECESTE AO PEDRO DA DESCASCA.
Retenho até hoje a correcção feita pelo meu professor na 1ª classe (João Bamina, ja falecido e Deus o tenha) a um colega e primo o Victor Albino Cuzuandua que tinha dificuldades na leitura quando disse qualquer coisa como: vam`bora.
O professr que estava por perto ouvi e disse alto e bom som: Victor vam´bora é fala dos sulanos, diz-se vamos embora.
Presumo que mesmo que tivesse vivo, o kota Bamina não se lembraria, tal como não se lembrava da surra que nos deu em 1979 quando nos viu eu, o Valentin Fernando Zangui e o João Bento Bengui ir a igreja do Bolongongo por altura da visita do Bispo Andre Muaka, porquanto era proibido aos pioneiros da OPA ir a igreja.
Portanto, não vale apena tapar o sol com a penera porque esta mancha existiu e existe. Grande contributo seria sim puxar as orelhas aos autores de tamanha barbaridade em tão importante orgão da nossa nascente democracia. Os autores ou autoras de tal insulto, não são dignos de estar no parlamento se se esconda atras da confortavel maioria do MPLA para não enfrentarem a mão disciplinadora da comissão de etica e a censura publida de todos nós eleitores de Cabinda ao Cunene. Haja coragem, as gravações existem e é possivel identicar o autor (pelo que posso deduzir do tom de voz é uma autora).
Excelentissimos eleitos do povo: a nossa sociedade enferma deste mal. Ao ter sido levado ao Parlamento, recuei no tempo e tristemente lembrei-me dos anos 80, quando ja estudante na escola feminina de Ndalatando, nunca tive coragem de dizer aos meus colegas qual era o meu bairro. Foram poucos os colegas que souberam da minha moradia enquanto que outros tantos sempre supuseram que em morava no bairro Popular tal era a minha frequencia a casa dos meus amigos João Pedro e Francisco Pedro. Tudo isso, porque eu morava no bairro Banga e o bairro Banga em Ndalatando era o bairro dos Mahungu, e os Mahungu comiam cobra, e eram todos da FNLA. Portanto, o pior que um adoloscente como eu, que até ja estava na equipa do programa infantil da RNA loval, podia fazer , era identificar-se com aquele povo, os MAHUNGU.
Passaram os dias, alguns de nós conquistaram alguma posição. Nos anos noventa os primeiros quadros Mahungu começam a ascender ao topo. Uns tantos rejeitam a sua identidade, mas alguns honestos consigo mesmo a asumem. Foi então que um grupo de corajosos cidadãos começam a falar abertamente a língua e assumir-se “somos mahungu e ponto final”. Essa assumpção veio a culminar com a colocação da lingua na grelha da programação da Radio Kuanza Norte, sem antes ter havido mal entendidos ao ponto de certos colegas a terem considerado como uma lingua sem recursos linguisticos suficientes e sem bibliografia para servir de apoio a produção de um programa de radio.
A estes detractores, e porque eu estava numa posição previlegiada na hierarquia da estação simplesmente disse: o suporte bibliografico para o programa em dihungu estava na fala dos povos do Bolongongo, Quiculungo e Banga. Estava nos mais velhos, estava nos adagios, nas estorias, nas canções, nos ritos e rituais dos Mahungu, ESTAVA NA ALMA DA NOSSA GENTE.
Portanto depois de ouvir aquilo que ouvi em plena assembleia nacional recuei aqueles tristes mas hoje memoraveis tempos quando até tentamos mudar o nome de bairro Banga para BB e posso ne sentir na pele dos que foram insultados porque eu tambem ja fui insultado.
A questão agora é: quem criou esses chavões?
Diz que foram as autoridades coloniais ao aplicar o principio de dividir para melhor reinar, entretanto nós retomamos e perpectuamos. Penso que os nossos movimentos de libertação nacional tambem têm quota parte de culpa. Por exemplo diz-se que para o caso MAHUNGU no Kuanza Norte o esquema para denegrir foi montado como arma ideologica para derrubar a FNLA. Recentemente quando Cajocolos, um espaço de humor que bateu bastante na RNA fazia moda fazendo recurso ao sutaque peculiar do sumo na VORGAN ouvi versão igual, mas o sutaque dos protagonistas era o peculiar da gente do norte.
O “languismo” é outro chavão que criamos e estamos a dar vitalidade. Cantamos, zombamos, denegrimos, enfim fizemos tudo. Agora pergunto em nome de que causa? Não será surpresa que o autor de “sulano” no nosso parlamento volta ao ataque quando por ai ouvir “SOBERRRANO”. Todavia, aqui os engenhosos bombeiros terão de usar outro artifice, porque se o autor for chamado de LANGA ficará muito distante o argumento de que foi um mal entendido porquanto de SOBERANO para sulano AINDA BATE, mas de soberano para LANGA será um bico de obra.
Seja quem foi o autor não merece estar naquela respeitavel casa.

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