“Assim muitos dos últimos conflitos
em África foram consequência da cobiça dos capitais estrangeiros de continuar a
explorar, nas novas condições do mundo, os recursos naturais dos países desse
continente e apoiaram grupos beligerantes, alimentando as contradições
históricas entre etnias e religiões, para a obtenção de vantagens econômicas.
Todos sabemos que representa um novo
tipo de colonização, mas os resultados são os mesmos: explorar e dilacerar
economicamente os países colonizados que conseguiram a sua liberdade sem
grandes lutas contra o domínio estrangeiro. Consequentemente, o poder econômico
ficava nas mãos da antiga colônia e a independência política continuava presa
aos desígnios da metrópole.
Não foi o caso de Angola. Desde a década
de 1950, os seus filhos mais ilustres como Agostinho Neto, Viriato da Cruz,
Lúcio Lara, Mario de Andrade, entre outros, iniciaram a luta contra o
colonialismo português.
Em encontros internacionais
denunciavam o regime colonial e solicitavam apoio para a sua luta de
emancipação.
Após proclamação da independência, a
guerra civil entre angolanos (1975-2002), que se internacionalizou e foi o
conflito armado que durou mais tempo em África, preparou a nação para um maior
sentido de nacionalidade, unidade e independência.
Nas novas condições de Angola, é
preciso preservar as raízes culturais como uma das vias para evitar a excessiva
penetração de formas de vida do exterior em detrimento da nação e dos seus
valores morais.
É necessário transformar as
mentalidades com base numa cultura cuidada, incutindo nas pessoas o amor às
suas origens. Desterrar as mentalidades colonizadas e que sejam
maioritariamente os cidadãos nacionais à frente da economia do país, e
descolonizar as mentes daqueles que não se despiram da submissão, em termos
culturais e econômicos, dos países desenvolvidos.
A acção deve ser dirigida aos
governantes no poder para administrarem a sua política no sentido de
conseguirem eliminar as descriminações étnicas e tribais existentes e as
diferenças abismais existentes entre os níveis de vida no campo e na cidade e
noutros estratos da população.
Um dos principais reptos na obtenção
destes objectivos é elevar o nível educacional da população, como condição indispensável,
para que sejam os próprios habitantes dos povos da parte mais atrasada do
continente a não permitir a existência de governos corruptos e a aventura de
outros que, para satisfazerem as suas ambições politicas de poder. Incutem
guerras.”
Excertos do livro PRISIONEIROS DA UNITA NAS TERRAS DO FIM DO MUNDO, escrito pelo piloto cubano Manuel Rojas García, que foi prisioneiro na UNITA na decada de 80, depois do seu caça ter sido abatido em missão militar.
Rojas García, nos conta na primeira pessoa, as suas amargas experiencias de priosineiro, mas nos leva a reflectir igualmente a parte positiva da vida ao ter conseguido ver entre os então inimigos um braço amigo, ao ter consigo sobreviver entre aqueles que a partida seriam os seus algozes. Mais interessante ainda as reflexões finais de onde tirei o excerto acima que é tão actual, tão sincero e realistico que o deviamos ler todos sem exclusão.
vale a pena ler o texto de 236 paginas publicado pela Mayamba.