quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A MEDIA COMO BODE EXPIATORIO DOS POLITICOS


Ainda a proposito de colegas da media terem sido impedidos de cobrir o ultimo acto politico em que a UNITA iam emitir a sua posição a volta das eleições gerais 2012. Na verdade alguma coisa esta mal e deveria merecer uma reacção energica de todos os escribas e respectivas organizaçoes socio profissionais e de defesa da classe.
Precisamos deixar bem claro para todos, sejam governantes, partidos politicos, sociedade civil, etc., que a FONTE  é a entidade portadora de informação, podendo ser pessoa, falando por si ou coletivamente, ou documentos escritos ou audiovisuais, por meio dos quais os jornalistas tomam conhecimento de informações, opiniões ou dados e com os quais vão produzir conteúdos dignos de serem veiculados através das suas plataformas de comunicação.
É um conceito clarificado logo no inicio da Lei de Imprensa vigente no país e assegurado como um dos fundamentos para o exercício da profissão de jornalistas.
O artigo 17, alínea b assegura taxativamente a liberdade de acesso às fontes de informação, nos termos estabelecidos na lei, bem como o direito de acesso a locais públicos e respectiva protecção.
Só com acesso a informação, o fazedor de informação pode fazer prevalecer outro imperativo legal, o da Liberdade de Imprensa que como a própria lei diz traduz-se no direito de informar, de se informar e ser informado através do livre exercício da actividade de imprensa e de empresa sem impedimento nem discriminações. Portanto conclui a lei que “a liberdade de imprensa não deve estar sujeita a qualquer censura prévia, nomeadamente de natureza política, ideológica ou artística”.
Simpática e democraticamente, o legislador, talvez avisado de quão é problemática  a relação JORNALISTAS/FONTES, estabeleceu que no exercício dessa nobre profissão é garantido aos jornalistas o acesso às fontes de informação impondo limite claro ali onde  deve ser protegido interesse maior que o de informar e ser informado como o caso de processos judiciais em segredo de justiça e à documentação classificada como sendo segredo de Estado, militar e ainda a que afecta a vida íntima dos cidadãos. Em consequencia, obriga as entidades publicas a um dever, o dever de  “assegurar o acesso às fontes de informação com vista a garantir aos cidadãos o direito a serem informados”.
Até prova em contrário, posso afirmar que em Angola estamos muito bem servidos de produtores de conteúdos. Temos na praça competentes jornalistas e se nos media temos coisas destorcidas não será seguramente por culpa dos jornalistas.
Os jornalistas, não devia assumir a culpa pelo facto dos políticos, mais concretamente os legisladores, passarem a leste dos mais candentes problemas na Nação. Meus senhores, não são os jornalistas que fazem as leis, e nem são eles que têm o poder de as fazer cumprir.
O poder legislativo a duas legislaturas deixou em "aguas de bacalhau" instrumentos muito importantes como a regulamentação da lei de imprensa, a aprovação de um estatuto dos jornalistas, a instituição de uma entidade reguladora da comunicação social, a fortificação das instituições de defesa da classe, etc., etc. Já perdemos a conta do numero de vezes que a oposição, desde 1992 não esta a norte nem sul dos grandes temas que afligem a classe. Agora no epílogo de tudo nós somos os culpados?
Simplesmente estão a beber do vosso próprio veneno e veja lá se pra a próxima legislatura "abram os olhos" e tenha efectivamente faro de legisladores, ou seja capacidade de antecipar os fenómenos e legislar correctamente sobre eles. KAMUZOS BANDAS, CÁ ENTRE NÓS NÃO QUEREMOS…
Vamos com paciencia construir a DEMOCRACIA.

DOIS TRISTES E HISTORICOS EXEMPLOS DE FONTES IMPOSSIVEIS DE FACILITAR O TRABALHO DO ESCRIBA (transcrição do áudio dos arquivos da BBC em Inglês)
BBC – Sua Excelência: o Partido de Congresso do Malawi tomou a decisão de que sua Exa. o actual Chefe de Estado, deveria continuar como Chefe de Estado vitalício.
BANDA – Sim.
 BBC – Agora bem, algumas pessoas podem argumentar, acho eu, e em particular a imprensa ocidental a quem o senhor acabou de falar, que este acontecimento sacrifica os processos democráticos às necessidades da continuidade política, o que não deixa de ser importante. Como reage ante este argumento?
BANDA – O que é que o jornalista quer dizer com a palavra democracia? Eu pergunto ao jornalista: dê então a sua definição da democracia.
BBC – Quer dizer, o maior bem para o maior número de pessoas.
BANDA – Como então? Que número de pessoas? Que tipo de pessoas? Onde se encontram elas? Onde moram? Aonde?
BBC – Mas as pessoas são semelhantes em todas as partes.
BANDA – Não, não são. O Senhor não pode julgar o povo de Malawi como se fosse o povo da Grã-Bretanha.

SEGUNDA ENTREVISTA COM O PRESIDENTE BANDA DO MALAWI
BBC – Sr. Dr. Banda, qual foi o propósito da sua visita?
BANDA – Bem, eu fui convidado a vir cá pelo Secretário de Estado.
BBC – Veio cá para pedir ao Secretario de Estado uma data fixa para a independência do Malawi?
BANDA – Não lhe vou dizer isso.
BBC – Quando espera conseguir a independência?
BANDA – Não lhe vou dizer isso.
BBC – Dr. Banda, quando Vossa Excelência conseguir a independência, continua na sua determinação de se separar da Federação Africana Central?
BANDA – Se o jornalista me fizer essa pergunta nesta etapa...
BBC – Pois esta etapa serve da mesma forma que qualquer outra etapa.  Porque é que me diz que eu não devia fazer a pergunta nesta etapa?
BANDA – Eu não falei já o suficiente para todo o mundo se convencer que eu pretendo exactamente aquilo?
BBC – Sr. Dr. Banda, se o Malawi separar-se da Federação Central Africana, como faria economicamente? Depois de tudo, o seu país não é na verdade um país rico.
BANDA -  Não me faça essa pergunta. Deixe isso comigo.
BBC – O que é que pensa? 
BANDA – Não lhe vou dizer isso.
BBC – De onde pretende conseguir ajuda económica?
BANDA – Não lhe vou dizer isso.
BBC – Será que Vossa Excelência vai responder a qualquer das minhas perguntas
BANDA – Não, não direi nada.
BBC -  Pelo menos, poderá dizer o motivo da sua visita a Portugal?
BANDA – Isso é comigo.
BBC – Então, o Sr. Dr. não me vai contar absolutamente nada....
BANDA – Absolutamente nada.
BBC – Então esta entrevista não tem razão de ser.
BANDA – Isso é consigo.
BBC – Obrigado.

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