A rádio, meio de comunicação
de massa, serve-se acima de tudo da sua rapidez, afinal ninguém melhor que a
rádio quando o objectivo for dar factos em tempo real. A possibilidade que a
rádio proporciona de divulgar os factos no exacto momento em que eles ocorrem
fazem o homem sentir-se parte activa, sujeito e protagonista do seu mundo, pois
pelos seus órgãos sensoriais é capaz de tão rápida e instantaneamente saber e
aperceber-se das ocorrências com interferência na sua vida e dos seus próximos,
alias segundo Walter Sampaio, a rádio intrinsecamente coloca o ouvinte dentro
daquela "história que passa", no momento exacto em que está passando
e, extrinsecamente, abre-lhe a alternativa de acompanhá-la.
Na introdução do livro O VEICULO,
A HISTORIA E A TECNICA, o brasileiro Luiz Artur Ferraretto mostra claramente a
força da rádio quando nos reporta a versão de Orson Welles para Guerra dos
mundos, transmitida no the Mercury Theater on the air. Segundo o autor “a adaptação radiofônica mexeu com as mentes
dos norte-americanos naquela noite. A voz e os sons cuidadosamente escolhidos
traçaram poderosas imagens mentais”.
Joseph Paul Goebbels, o ministro da propaganda de Hitler é o exemplo vivo
de usar até a exaustão o poder da radio quando controlando este media o
transformou em poderosíssima arma de arremesso a favor do nazismo e contra as
forças aliadas. Em muitas das suas aparições na rádio transmitiu ‘imagens’
dramáticas acerca dos males que os aliados infringiam ao mundo e por isso a
necessidade de aniquila-los ou descreveu convincentes vitorias das forças nazis
que quase conseguia levar as audiências a “ver através da rádio”.
Uma imagem singular do acto
de proclamação de independência de
Angola a 11 de Novembro de 1975 ficou para a posteridade. Trata-se do momento de chegada de Agostinho Neto, imagem
fielmente descrita naquele dia em directo pela RNA, através da audácia
descritiva de Francisco Simons. É sem duvidas um momento marcante e singular,
uma das imagens sonoras bem conseguidas que nos leva a “ver através da audição”
os instantes anteriores à formalização do nosso estado soberano.
Um dos segredos esta na técnica da linguagem. Mandam os princípios que a linguagem na rádio tem de ser
"quente", acolhedora, entusiasmada. Nada formal. Convém que esteja sempre no presente para
enfatizar o imediatismo. Ela deve
envolver emocionalmente e criar intimidade. Portanto, o recomendável para o
locutor em radio é dirigir-se ao seu ouvinte de forma directa, no singular
oferecendo valores de vida que emocionam.
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