Continuo prezo ao vicio de ouvir radio, porque cresci a ouvi radio e apaixonei-me por este meio. Mas, todos os dias quando traço um itinerário de audição bato na rocha como diz a Patrícia Faria.
Presumo que no mercado de produção de conteúdos radiofónicos, estão muitos produtores que antes de aprenderem o suficiente já se julgam como estando no podium.
Por favor falem ao meu ouvido e a minha alma. Eu não sou um receptor passivo...
Adriano Lopes Gomes
no artigo O RÁDIO E A EXPERIENCIA ESTETICA NA CONSTITUIÇÃO DO OUVINTE, depois
de afirmar que “a radio é um veiculo de
comunicação de massas que apresenta o sentido midiático da alteridade”
recomenda que o produtor de radio no seu ofício deve tomar em conta quando
produz conteúdos que vai dizer alguma coisa a alguém que deve ser interessante,
inteligível e que, sobremaneira, possa catalisar a atenção para aquilo que é
comunicado. Manda ainda considerar o “EU”
que fala e o “OUTRO” que ouve que
mantêm uma comprometida e estreita relação, uma relação de cumplicidade, que só
se consegue desde que do lado de quem produz haja vontade de fazer e fazer bem,
sensibilidade de supor acertadamente os desígnios de quem ouve e a
todo o instante inovação e criatividade.
Zilberman afirma que “só se pode
gostar do que se entende e compreender o que se aprecia”. Esta concepção é
valida para os estudos sobre a radio, porquanto o ouvinte é atraído por
determinada emissora ou certo programa radiofônico em razão do apelo sensorial
e racional que tal situação provoca, formulando conceitos e ideias que
extravasam a mera explicação de que está sintonizado simplesmente por gostar. O
ouvinte tem prazer por ouvir radio e tem ideia clara sobre sua opção. Ao
sintonizar certa emissora é impossível ficar indiferente a mensagem veiculada.
O acto de escuta possibilita identificação com o produto radiofônico quando
aquilo que é comunicado estabelece um sentido com os horizontes de expectativa
do ouvinte.
Radio também é arte, do ponto de vista da elaboração do produto de valor
estético, configurado nas peças que veicula a todo o momento, ou de natureza
sonoplastica, de locução ou expressão vocal. A rádio é catalisador de prazer e
consciência estéctica quando o ouvinte vai constituindo um repertório de
experiências que se acumula a cada recorrência à audição.
Nesses instantes, os ouvintes são afectados por forças do efeito estéctico.
A ausência de imagens explicitas, próprias da TV favorece o acto de invocar
cenários e personagens, situações quotidianas e relações familiares ou
amorosas, possibilitando assim uma espécie de engajamento. O valor da
permanência da radio no horizonte actual e futuro próximo segue baseado na sua
capacidade de suscitar efeitos junto a recepção e no seu poder de mobilização.
Portanto o ouvinte de radio é um sujeito histórico, socialmente
constituído pelo ambiente cultural, é selectivo e consciente do seu estar no
mundo que o circunda e revela clareza na sua opção pela audição. É esse o
ouvinte que diariamente reconfigura sua experiência estéctica, ampliando seus
horizontes de expectativas. É para esse ouvinte que qualquer emissão de radio,
que busca ser bem sucedida deveria trabalhar.
Sem comentários:
Enviar um comentário