Salta-me a vista a forma astuta e eficiente como de maneira sucessiva o
MPLA vem conquistando suas vitorias folgadas sobre seus concorrentes a partir
de uma estratégia assente em múltiplos pilares onde a comunicação social é sem
duvidas um dos mais importantes. É possível observar uma estratégia de
comunicação bem urdida e que tem nos últimos tempos a TV como o principal
“cavalo de Batalha”. Enquanto a maioria dos actores políticos angolanos se
engajam em batalhas visando “remover” o MPLA do poder que conserva desde a
nascença da Angola independente, o partido dos camaradas tem dado a observar aos
mais atentos que a sua permanência no poder obedece a uma estratégia baseada na
“Imagem Positiva” construída com a participação do cidadão comum que transmite
durante períodos cruciais, o valor do projecto de Nação que parecendo caduco
aos concorrentes de um ápice funciona e renova a confiança dos eleitores nas
suas promessas. Por incrível que pareça, através da comunicação social o
MPLA dispara a suas “balas mágicas” perante a passividade dos concorrentes que
não reparam e pior para eles ainda ajudam a enriquecer o conteúdo.
Através da comunicação social, particularmente a televisão, o MPLA
consegue “prender” a atenção do eleitor, fazendo bem duas coisas: comunicar com
eficiência e distrair a concorrência.
No que toca a entreter a concorrência, que tem estado a funcionar muito
bem, parece que a unica excepção ocorreu em 1992, quando na bancada dos
concorrentes ao poder estava um “peso pesado” que se chamava Jonas Savimbi que
nutrido do capital de “combatente pela democracia” quase rivalizou com MPLA não
fosse o facto de o único canal de televisão disponível ser GOVERNAMENTAL
(transformado as pressas em publico) e logo ao serviço da formação política
gestora do estado para o caso o MPLA.
Na época, bem tentou Jonas Savimbi abrir um serviço de televisão, mas
não logrou êxitos e de maneira estratégica rapidamente o MPLA ofereceu de
bandeja a possibilidade de abrir o serviço de radio, pois de antemão se sabia
que a limitação legal de transmissão apenas em FM era travão mais do que
suficiente para diluir o impacto das presumíveis estratégias urdidas pelo lider
da UNITA.
Em
1992, tudo era novo e as coisas novas apeteciam. Muitas delas
foram feitas “a quente” incluindo pelo próprio partido no poder, mas por mais
quente estivesse o ambiente e por mais empolgados que estivessem os actores
políticos, os estrategas do MPLA souberam segurar e muito bem o Cavalo de Troia
que se conhecia no sector dos MASS MEDIA que era efectivamente a televisão, não
estivéssemos no inicio dos anos 90 como se veio a constatar uma decado ouro
para a TV. William Tonet, um dos
pioneiros no sector do vídeo com a sua MUNDO VIDEO tentou um projecto similar,
mas não passou da intenção.
Portanto, se empolgados pelos ventos da mudança onde até o sector
neufragico da vida do país, a economia, Não escapou ao redimensionado e quase
todo o valioso patrimônio empresarial existente foi “leiloado” para não dizer
oferecido a custo zero a pseudoempresarios despreparados, porque carga d’água,
tais poderosos ventos não sopraram no sentido de também o sector da media optar
pela inovação que na época passava obrigatoriamente por deixar-se nascer e
crescer projectos alternativos a media publica, porque alias ousados cidadãos apresentavam exequíveis propostas?
Na verdade desde os tempos de partido estado que o MPLA dedica especial
atenção a esse sector neufragico. Agora no terceiro acto eleitoral e já é
possivel confirmar hipoteticamente do porque de tal afeição.
É a partir do mesmo que as suas vitorias são garantidas, não porque as
suas propostas sejam as únicas validas para reger a nação, mas antes porque
elas chegam com eficiência ao eleitor e por essa via electrizam e fidelizam os
votantes. A jogar a favor da estratégia do MPLA, esta falta de acutilancia,
diria estratégia dos pretendentes ao poder que não conseguem intrometer e
partilhar o território assalador de projecção da imagem positivista do MPLA,
que se chama televisão.
Nesse seu monopólio, os camaradas foram bafejados tanto pela sorte, que
até na única ocasião em que este cenário poderia em teoria ser forçado a mudar
a própria oposição deixou-a escapar. À reboque no forte capital político de
Jonas Malheiro Savimbi, transfigurado de “demônio” para o grande “reformista”,
como o velho guerrilheiro foi apresentado aos eleitores, tudo em nome da
reconciliação nacional pós Bicesse, a primeira Assembleia nacional
multipartidária foi a melhor das ocasiões para ir estreitando o espaço de
manobra a disposição do MPLA no manejo dos cordeirinhos do xadrez político
angolano a seu bel prazer. Tudo porque para as decisões chaves o MPLA precisava
do apoio da UNITA, detentora de 70 assentos na sede do poder legislativo. Porém,
a opção de Jonas Savimbi, depois de não ver coroados os seus esforços de chegar
à presidência de Angola foi o retorno à guerra, alias ideia que não abandonara
desde a assinatura de Bicesse tal era o seu poderio militar visto a olhos nús e
a demonstração da sua propensão pela confrontação belicista nos actos públicos
protagonizados um pouco em todo o país e tom de violência no seu discurso de
campanha em setembro de 1992.
Contrariado, ou melhor, “facilitado” o MPLA foi paciente e geriu o
choque do retorno à guerra, reconheça-se com coragem e apurada diplomacia até a
época em que se socorreu de uma cisão no seio dos maninhos fazendo ascender a
Renovada com o grupo que se manteve na cidade. Nesta ocasião, mais uma vez a
soberana oportunidade de volta a senda política com o arranque do debate sobre
a constituição. O debate avançou a tal ponto que se chegou a um esboço de
constituição, um acordo sobre os símbolos onde pontificava a mudança da
bandeira nacional para afastá-la das profundas semelhanças com as cores da
bandeira do MPLA. Entretanto, apossados de uma febre de “abandonos das sessões”
na assembleia Nacional, a UNITA deixou escapar tal oportunidade abandonando a
comissão constitucional. O que nunca passou pela cabeça dos Maninhos é o facto
de que tal abandono era o melhor presente que se poderia dar ao “Glorioso”,
pois encorajado e animado com os resultados de 1992, seguro do desgaste de
imagem do seu arquirrival que acabava de perder o que de mais valioso tinha, o
líder, o MPLA nada mais disse e fez o jogo do concorrente, guardando
pacientemente o seu principal trunfo para o fim.
Sempre protegido pelo seu alargado espaço de manobra chegou às eleições
de 2008 conseguindo o primeiro ponto de avanço sobre o seu concorrente que foi
separar entre legislativas e as presidenciais ao contrario de 1992 quando os
dois poderes foram providos em um único acto. Eis que chegou a vitoria
“retumbante” que o politologo Alberto Cafussa[1] considera como
surpreendente tanto para o vencedor (MPLA) quanto para o maior derrotado
(UNITA). “Ao obter uma maioria absoluta de votos validamente expressos, o MPLA,
que previa uma vitoria com maioria qualificada não superior a 70% teve de se
confortar com um resultado nada antes imaginado”.
E como o que abundam não prejudica, o MPLA terá simplesmente agradecido
e encetado o que a UNITA nunca quis fazer em conjunto, ou seja: a revisão
constitucional. Hoje e sob o silencio da oposição em actos do estado facilmente
as pessoas podem fazer-se acompanhar da bandeira partidária cuja diferença com
a da Republica é semelhante a diferença entre gêmeos verdadeiros, só para citar
este exemplo.
Voltando
ao apego do partido fundador da Nação Angolana ao sector da media, importa
ressaltar que o MPLA “segura” a TPA com duas mãos, alias só um partido
desavisado poderia se dar ao luxo de não socorrer-se legitimamente desta
“poderossima” arma existente no mercado uma vez que a pretensão das forças
políticas é a de conquistar o poder e a de mante-lo, como o vertente caso.
A
missão de observação da União Europeia as eleições de 2008 refere no seu
relatório final ter notado “uma melhoria
geral e global no ambiente dos meios de comunicação social de Angola após a
assinatura dos acordos de Paz de Bicesse em 1991. A Lei de Imprensa, promulgado
em Junho desse ano, garantiu a liberdade da imprensa; apareceram novos meios de
comunicação privados e o conteúdo jornalístico tornou-se mais aberto e crítico.
Contudo,
alguns aspectos do ambiente dos meios de comunicação social em Angola ainda
ficam aquém das normas democráticas internacionais”[2]. O problema
reside no facto da limitação gritante no que tange ao acesso a uma pluralidade
de opiniões devido ao facto dos media de alcance nacional serem exclusivamente
apenas os órgãos públicos excessivamente controlados pelo partido no poder
através do governo.
Também saltou a vista o desempenho da unica estação de televisão na
altura no país com dois canais e refere o relatório da EU “a TPA 1 e TPA 2 também transmitiram spots pro Governo e novos boletins
a 4 de Setembro incluindo informação sobre o evento de encerramento da campanha
do MPLA em Cacuaco. Outro exemplo de conduta incorrecta por parte da TPA 1 foi
a transmissão de várias entrevistas a eleitores no Dia de Eleições em que os
entrevistados eram questionados sobre se tinham intenções de votar no “partido
do seu coração” - o slogan utilizado pelo MPLA durante a sua campanha”[3].
Pois bem ali esta o patente o que a oposição, principalmente a UNITA
nunca chegaram a prever ao deixar escapar a oportunidade de uma posição de peso
significativo na assembleia nacional forçar pela via da legislação uma
conformação das nossas instituições e regulamentos aos cânones regentes da
democracia no mundo.
Melhor que todos os restantes concorrentes ao poder, o MPLA sabia e sabe
que os especialistas consideram a TV como o media que manda numa eleição. Alfredo
da Mota Menezes[4] em um artigo publicado em agosto de 2004, socorre-se
do conteúdo de um trabalho de mestrado em que era parte do jurado onde o
mestrando tinha pesquisado sobre as estratégias que construíram na televisão a
imagem de Collor de Mello para a eleição presidencial de 1989. Neste trabalho o
autor acaba por demonstrar dados incisivos que provam em como até telenovelas
que se encontravam no ar na TV GLOBO, nomeadamente “Salvador da Pátria, Vale
Tudo e Que Rei Sou Eu”, ajudaram a construir uma imagem a favor do candidato.
Segundo o artigo, a televisão é a principal fonte para os eleitores numa
eleição, vindo a seguir Jornais e revistas e logo depois as discussões pessoais
com terceiros e por fim a rádio. Um dado relevante é o facto de somente
0,5% das pessoas serem influenciadas pelas pesquisas eleitorais. Portanto é
unanime afirmar-se que a televisão é como uma força "avassaladora"
sobre outros veículos de comunicação.
Quanto falamos de TV, não estamos propriamente a nos referir somente ao
horário gratuito distribuido aos concorrentes. Na verdade toda a emissão é uma
grande oportunidade, e tal como “grão a grão, a galinha enche o papo” passo a
passo pela via da repetição a televisão electriza o telespectador eleitor e
induz de maneira como que natural a opção a escolher no dia D. O nosso citado
acrescenta que para “fazer a cabeça do eleitor” os telejornais, as entrevistas
e os debates também participam do processo e faz referencia a alguns debates
famosos como de Nixon e Kennedy em 1960 e Collor e Lula em 1989, e por nossa
conta acrescentamos o recente entre Sarkozy e Hollande em 2012.
A
historia dos medias regista que por “culpa da TV” o eleitor diminuiu sua
presença em comícios, pois pode "acompanhar seu comício de sua própria
casa". Daí que hoje a moda é showmício (uma mistura de shows
com comício) e perdem tempo os que disperdiçam energia e aproveitam mal espaço
na media para dirigir criticas ao MPLA desafiando esse partido a fazer simples manifestações
políticas a estilo da época da mobilização via megafone, porque é por demais
sabido que o eleitor não se dá ao trabalho de sair da sua confortável poltrona
apenas para ir ouvir verbos e números nos fadonhos discursos dos politicos. A
vida é acção e emoção e não estão as formações políticas proibidas de dar acção
e emoção as suas iniciativas.
É exemplo o disso o dia em que o MPLA lançou a sua proposta de programa
de governo e manifesto eleitoral (julho de 2012). No âmbito da operação
“electrizar o eleitor”, o MPLA engalanou
a linda sala do centro de conferencias de Belas enchendo-a com seus membros e
colorindo-a de vermelho-amarelo-preto (ai esta mais uma vez a imagem) e para
não variar teve momento para Matias Damásio subir à tribuna onde a cupla do
partido tinha momentos antes deixado uma sequencia de palavras e números que
devem ter entrado no ouvido direito e imediatamente saído no esquerdo dos ouvintes,
para transformá-la em palco e levantar a plateia que de chapéu/lenços em mãos
acenou para o cantor e o presidium para quem esteve na sala, mas para aqueles
que tal como eu acompanharam pela televisão sem duvidas o aceno foi para o
telespectador porque Lá estava a camara de televisão a fazer a sua parte.
O verdadeiro debate que a oposição deveria ter aberto, depois de
desperdiçar a soberana oportunidade de precaver isso via CONSTITUIÇÃO, se os
maus futuristas da UNITA não tivessem cometido um dos seus maiores erros de
calculo, é saber se é legal ou não o MPLA ter estes quilométricos minutos na
televisão publica. Para uns é legitimo, porque enquanto partido governante deve
ter oportunidade de mostrar o seu trabalho e deixar o eleitor julgar, porém
para outros nessa ocasião a legitimidade do detentor do poder deveria ser
suspensa para que todos os contentores pudessem partir em pé de igualdade. É um longo debate,
cuja procissão apenas vai no começo, mas a verdade é que o fosso entre a imagem
do MPLA e de seus concorrentes vai se alargando cada vez mais.
Estudos
referem que a televisão trouxe uma maior volatilidade do voto. O eleitor para
se informar melhor, acaba deixando para a última hora a definição em quem
votar. Que os eleitores com menor grau de instrução são mais influenciados por
esse veículo do que por outros. Diz ainda, que, a televisão ajuda a
enfraquecer alguns partidos políticos e o inverso também ocorre. A literatura especializada
atribui a televisão poder de fazer alguém conhecido sem precisar sequer de
partidos, bastando as vezes uma boa aparência, pois na televisão o eleitor vai
buscar as qualidades do candidato. Pequenos detalhes como falar bem, não ficar
tenso ao intervir na TV são de valor capital. Portanto para muitos a televisão
é uma oportunidade e uma fraqueza, quicá
esta é a razão porque não tivemos debates televisivos em 1992 por mais que
alguns quisessem programar tal desiderato, acto contínuo não os tivemos em 2008
e 2012, pelo menos ao nível das figuras singulares que podem favorecer ou desfavorecer
as campanhas das formações políticas, refiro-me aos lideres.
Daniela Bordinhão no site AGENCIA DE NOTICIAS - Brasil, escreve que apesar
das pessoas dizerem que não, a propaganda na TV tem bastante audiência. Lembra que
antigamente o que valia era o comício e o corpo-a-corpo. Atualmente, essas
manifestações não têm tanta influência. O comício depende da concentração de
pessoas em determinado local, do transporte, da segurança e do interesse das
pessoas. Neste contexto, “a propaganda na TV é uma forma segura e simples de
participar”.
A
influência da propaganda eleitoral na TV sobre os eleitores foi tema de um
estudo realizado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo (USP) em 2001. Para descobrir qual é a sua influência
sobre o processo de decisão do voto do eleitor. O cientista político Antônio
Fernandes Júnior da faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo, elaborou uma pesquisa a volta do horário gratuito de
propaganda eleitoral e as eleições ao governo do Estado de São Paulo em 1998 e
provou que ao contrario do senso comum que afirma que os programas de campanha
eleitoral são cansativos e de baixa audiência na pratica acontece o contrario.
Em 1998 para o governo do Estado de São Paulo, o espaço na televisão foi
decisivo para o resultado final confirmando a tese de que o horário de campanha
na TV é uma das principais fontes de informação da maioria da população "é
a linguagem com a qual estamos acostumados”.
O
renomado pesquisador cita no seu estudo os vários factores de influencia numa
campanha eleitoral classificandos-os entre os de curto, médio e longo prazo no
que toca a exercer influencia sobre o eleitor. O espaço de campanha eleitoral
na televisão aparece entre os factores de curto prazo categoria onde esta
igualmente a conversa com pessoas próximas e de confiança e os comícios e
passeatas de ruas aparece em última instância. Portanto, Fernando, mostra que
todas as classes sociais acompanham, indistintamente e com muita curiosidade, o
horário eleitoral.
Isso resulta do facto da televisão ser o
meio de comunicação de massa mais completo, é muito mais real e convincente do
que outros veículos – dá movimento, acção e vida à mensagem. Depois
de descoberta, ela eclipsou a imprensa
sobretudo porque os jornais não podem responder cabalmente a características
como: a instantaneidade, a flexibilidade, o potencial de dramatização,
acompanhamento "in loco" do evento, e mais que tudo, o seu imenso
poder de penetração na população e retenção de quem se atreve a dar uma olhada
a telinha. Ela funciona como uma masmorra sem precedente, ela é uma prisão das mais
seguras do mundo onde os enclausurados não tem espaço para fuga nem na pratica
e nem em pensamento, porque a televisão actua sobre todo o ser que imbuído
acompanha com as mãos, as pernas, com todo o corpo que se associa aos sentidos
previlegiados de percepção da sua electricidade, que são a visão e audição.
Servindo-se desta confortável vantagem sobre os seus concorrentes, mesmo
que os mais optimistas como Frei Zé Paulo[5] não a
tomem como ameaça aos outros medias, a televisão, principalmente nos períodos
eleitorais, desenha e projecta para audiência a figura do político ou do
projecto político da mesma forma como um promotor de venda procura a todo o
custo chamar atenção para o seu produto. Na verdade, aqui não é a televisão, são
as pessoas que se servem deste demolidor poder da televisão para estender as
suas masmorras e não dar espaço a mais nada e mais ninguém. Referimo-nos
aos profissionais da propaganda aqueles que se dedicam desde os tempos da
democracia ateniense a apresentar-nos um conjunto de aparências mais para
convencer do que para depurar a verdade.
O
objectivo da propaganda política é dar ao consumidor condições para
desqualificar, de imediato, as críticas e os comentários desfavoráveis ao seu
assessorado.
Duda
Mendonça (2001), sentencia ao afirmar “no
mundo e no tempo em que estamos vivendo, é preciso realizar e comunicar. Fazer
e informar. De forma rápida e eficiente. Não é raro que o saber, mal digerido,
paralise. Nem que a criatividade, livre de amarras, saiba gerar seus planos e engendrar
as suas tramas. Erram os que pensam que é só seguir à risca o que as pesquisas apontam.
Falar o que as pessoas esperam. Vestir o que as pessoas gostam e então,
comemorar a vitória”. Duda esclarece que “o que conta não é só o texto, mas
o corpo de quem está ali, enviando esta ou aquela mensagem. Contam o timbre da
voz, a entonação, as pausas, o olhar, os gestos, a roupa, o corte do cabelo e
até um simples piscar de olhos”. Para ele o importante é transmitir emoção,
falar com os olhos, falar com as mãos, falar com a alma. Uma reação autêntica
vale muito mais do que um discurso conceitual, repetitivo, cheio de números.
Nas campanhas políticas na TV, o fator mais importante é conquistar a admiração
das pessoas. Se o candidato ou o projecto de sociedade consegue conquistar a admiração
da população, ele estará concerteza muito próximo do sucesso. Entretanto, a bem
querida “admiração” é conquistada
muito mais com atitudes do que com obras.
A campanha política tem sido comparada a variadas acções existentes em
outros sectores de actividade. Por exemplo, um actor comparou-a a guerra, no
sentido metafórico da palavra e nas guerras temos exército, estratégias,
bombas, vitórias, derrotas, sofrimentos, etc. É um ambiente constantemente tenso.
Alberto Cafussa, ao referir-se ao espaço de actuação dos partidos
políticos compara-o ao “mercado econômico” onde os partidos devem identificar
os pontos fortes e fracos dos concorrentes, assim como descobrir as
necessidades do consumidor, para o caso cada grupo de eleitores.
Uma
campanha eleitoral é na verdade “um combate” entre candidatos pelos
"corações e mentes" dos eleitores. Cada um apresenta a sua versão
sobre si mesmo. O objetivo é o mesmo: fazer prevalecer a sua versão sobre as demais
e, desta forma, persuadir o eleitor a votar nele e conquistar a mídia
dominante, a mídia dominante na nossa sociedade é a TV. Ela
é o mais completo dos veículos, tem som, imagem e texto, e, portanto a mais
influente, e a que melhor transmite toda a dramaticidade da campanha eleitoral.
Portanto até prova em contrario é nela que se projectam as vitorias nas
democracias. É na televisão que se estabelece a intimidade entre a escolha
secreta do eleitor e a capacidade de conquistar do político. O pior erro é
pensar o contrario.
Perante esta realidade o MPLA só faz o que a sabedoria indica e qualquer
um no seu lugar o faria. Importa ressaltar que o MPLA o faz muito bem e a
oposição inversamente o contrario. Porém, mantem-se a questão de fundo: É
LEGITIMO O MPLA TER QUASE QUE DE FORMA EXCLUSIVA ESTA FERRAMENTA AVASSALADORA?
É LEGAL TODO A CAPMANHA A FAVOR DO GOVERNO AO LONGO DOS MESES QUE ANTECEDERAM O
DIA D?
Eu não tenho as respostas por isso lanço a questão a debate.
Vamos a isso…
[1] Alberto Cafussa, TENDÊNCIA DE VOTO DO
ELEITOR ANGOLANO NAS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS DE 2008.
[2] ANGOLA RELATORIO FINAL, eleições parlamentares 5 de setembro, União
Europeia, missão de observação eleitoral 21 de setembro 2008.
[3] idem
[4] Na pagina www.alfredomenezes.com
[5] TV E INTERNET, AMEAÇAS A RADIO? –
frei Zé Paulo na sua alocução no congresso de radiodifusão, UnIA, fevereiro de
2011
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