terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

SERVIÇO PUBLICO DE RADIODIFUSÃO E IMPRENSA OU ORGÃOS AUDIOVISUAIS E IMPRENSA DO ESTADO­?



O serviço publico não algo que se adopta por slogan. É acima de tudo um feito que se reconhece pela matriz e relevância do seu ministério. Em Angola é useiro e vezeiro declarar-se qualquer coisa como “serviço publico” quando na prática nem de longe nem de perto sejam algo que se assemelha a isso.
Já começa a ser relativamente alargada a lista de supostas instituições de caracter público, onde pontificam media, ONG, organizações socio profissionais, declaradas pela autoridade competente como sendo de utilidade pública mas que não conseguimos divisar a relevância do seu serviço.
Da alargada lista de instituições assim designadas, os nomes que mais ficam retidos nas nossas mentes são os dos órgãos de difusão massiva. Designados serviços públicos.
Paradoxalmente alguns os chamam “OS ORGAOS DE COMUNICAÇÃO DO ESTADO”. Outros ainda os chamam “ORGÃOS DE DIFUSÃO MASSIVA GOVERNAMENTAIS” e uns os consideram como “EXCESSIVAMENTE GOVERNAMENTALIZADOS”.
Um conhecido comentarista e analisa da nossa praça, metaforicamente chama o nosso único diário, o Jornal de Angola “O PRAVDA”. Só para relembrar aos mais novos, tal como o Granma é o jornal símbolo da revolução Cubana, O PRAVDA teve similar simbolismo por altura do auge do socialismo soviético.
Granma é o nome do barco que transportou Fidel Castro e companheiros do Mexico a Cuba para o assalto final e derrube da ditadura de Fulgêncio Batista e Pravda no alfabeto Cirilico dizer verdade.
 Não é pretensão desta pequena analise alinhar com qualquer epiteto nem é de longe nossa intenção referir-se jocosamente a qualquer título do nosso mercado é antes uma maneira de contextualizar a abordagem a que nos propomos. Na verdade nos propomos a falar dos MEDIA COM CARACTER PUBLICO NO NOSSO PAÍS.
A nossa intenção e dar um modesto contributo ao aceso debate que se vai travando a volta do serviço dos nossos “órgãos públicos de difusão massiva” e olhar para o cumprimento do seu objecto de trabalho e aferir aqueles que deviam ser os seus objectivos ao serviço da democracia angolana que bem precisa do contributo de todos.
Assim, talvez devêssemos antes de tudo estabelecer os parâmetros do que é o serviço público entendimento que podemos buscar em variadas correntes e paradigmas dos estudos das Ciências da Comunicação e ver alguns exemplos práticos.
Antônio Marcos de Guide na sua dissertação de mestrado intitulada TPA-O MODELO DE TV PUBLICA DE ANGOLA, ao referir-se ao conceito de serviço publico, antes aborda o conceito de espaço publico, alias ao falar de um torna-se inevitável referir outro, e situa a origem de ambos num passado recente, mais precisamente por altura do Iluminismo e da Revolução Industrial. Logo a seguir, Guides socorre-se dos fundamentos de Habermas para explicar como aqueles conceitos se associam ao de meios de comunicação ou órgãos de difusão em massa.
O autor refere que, foi a burguesia inglesa que através dos debates em cafés e clubes deu origem e edificou as balizas do espaço público, apesar de ser importante referir que também cabe a mesma burguesia inglesa o demérito de ter parido um rebento congenitamente defetuoso ao elitizar o debate para uma ínfima minoria constituída por homens da burguesia.
As mulheres não eram tidas nem achadas para este debate.
Em 1810 Londres já contava com qualquer coisa como 3 mil sítios para debates públicos entrecortados por lúdicas serenatas de poesia. Neste fervor, portanto, contrario não seria, senão a produção de um abundante caudal de ideias, que tão logo se revelaram impossível de suster entre os muros de exímios 3 mil lugares são levadas aos meios de comunicação de massa, que por sua vez ampliam o debate acrescentando a relação directa e pessoal a mediatização.
Por isso não é mero acaso que a BBC de Londres seja nos anais da historia o primeiro serviço publico de rádio e televisão no mundo. Desde a nascença que ela tem a sua garantia de sobrevivência dissociada da principal entidade gestora da maior parte dos estados do mundo, os governos, sejam eles de que ordem for.
São os contribuintes que através de uma espécie de quotização garantem e sempre garantiram a sobrevivência da BBC, reforçando o sentido de pertença deste mesmo espaço publico ao público tal como foi o seu surgimento.
Hoje, salvaguardadas algumas adaptações a BBC continua fiel a génese da sua origem: a) o serviço não deve servir para fazer dinheiro; b) deve ser independente do governo no poder; c) tem como objectivo criar um eleitorado mais consciente para exercer a democracia e a cidadania; d) o serviço tem como função principal suprir a necessidade de informação dos cidadãos.
A BBC é conduzida por um director geral e 16 directores executivos. Esse director responde à um Conselho de Curadores, o Board Governors, formado por 12 pessoas que representam a população. São esses Curadores que controlam os padrões e as operações da BBC, actuando como guardiões da qualidade da programação.
A única possível oportunidade do governo britânico interferir na independência do serviço público de Radio e TV do país de sua Majestade é tão-somente através do Conselho de Curadores.
É que os membros do Conselho de Curadores são confirmados pelo governo, num processo que deve ser apartidário, para evitar nomeações que sigam tendências politicas.
As contas da BBC depois de aprovadas pelos Curadores são apresentadas ao parlamento, que representa o público e não ao governo britânico. A estratégia da BBC é tornada publica e pode ser debatida por qualquer cidadão.
Nem mesmo a conhecida “Dama de Ferro” conseguiu demover o público britânico de uma das suas maiores conquistas. O governo de Magareth Thatcher tentou privatizar a instituição, mas não logrou êxitos.
De lá pra cá a BBC continua a inspirar sociedades. Em todo mundo quando se pensa em um serviço público de rádio ou televisão, para ser mais lato quando se pensa em meios de difusão em massa com caracter público, busca-se inspiração nos ideais da BBC.
Estas rasgadas referencias a instituição, e a BBC é de facto uma instituição, não é nenhuma bajulação, até porque já não trabalho para a BBC Media Action a quase dois anos, depois de o ter feito por 7 anos ininterruptos, são trazidas aqui porque assim consta da história e qualquer um que se interesse pelas Ciências da Comunicação terá sabido atempadamente disso.
Para não ficar só pelos grandes, e porque presumo que alguém esteja a dizer que é comparação é desproporcional, vamos mudar de categoria de Nações e de continente para uma breve paragem nas terras do samba.
No estado de São Paulo, Brasil, temos outro exemplo de referência. O serviço público de rádio e televisão é prestado por uma instituição não-governamental, a Fundação Padre Anchieta, fundada em 1967.
A Fundação Padre Anchieta detém duas emissoras de rádio e um canal de televisão, a TV CULTURA e esta virada para conteúdos independentes, pluralista, informativo e também pedagógicos, além de incentivar o debate e de manter sempre aberto um canal de comunicação com o público.
Entretanto, não se submete à pauta imposta pelos meios de comunicação de massa, pelos interesses do mercado ou pelos interesses conjunturais do poder politico ou económico.
Seu foco é a sociedade, seu mercado é o cidadão.
O Conselho de Curador da TV CULTURA é apresentado como modelo com certa independência dos governos que se sucedem no estado. É constituído por 20 membros representativos da sociedade, três membros vitalícios, vinte e um membros natos e um representante dos empregados.
E o caso do Estado de São Paulo, mais uma vez não escapou ao belisco das garras políticas. O ex-governador Paulo Maluf chegou a destituir o presidente da fundação por decreto. O Conselho recorreu à justiça que, por unanimidade, considerou ilegal a intervenção do político.
Avancemos para outro exemplo, o da Alemanha. A primeira emissora de rádio alemã entrou em operações em 1923 em Berlim. Era uma emissora dos Correios, que tinham e ainda mantêm a propriedade dos equipamentos de transmissão de radiodifusão.
Até hoje quem quiser ouvir rádio na Alemanha compra um aparelho receptor no comércio e paga uma taxa anual aos correios. A estrutura criada a mais de 80 anos continua intocável do ponto de vista jurídico e económico sendo um modelo centralizado através da empresa dos Correios.
Nem mesmo a ascensão ao poder do Partido Nacional Socialista de Hitler de 1933 a 1945, modificou esse princípio básico, embora os nazistas tenham reunido as emissoras de rádio numa sociedade do Reich de onde eram coordenadas politicamente como instrumentos de propaganda.
Isso tudo para dizer que bons serviços públicos no sector da media costumam atender características especificas e inconfundíveis onde a universalidade é fundamental. Nos bons serviços públicos da media as pessoas costuma ter direito a receber o serviço que deve ser providenciado e oferecido a toda população sob igual medida. Os serviços costumam atender a todos os gostos e interesses, com diversidade de conteúdos e programação.
Para evitar quebra do princípio de independência, os serviços públicos de comunicação costumam ter receitas que não os submetam aos interesses dos governos. Costumam ser zelosos com as minorias comprometendo-se a oferecer opções para públicos segmentados.
Em suma, servem de contrapeso a invasão cultural de outras nações, são plataformas de promoção e fomento dos ideais da democracia a moda ateniense e são tribunas de debate com igual oportunidade para todos.
Sendo a democracia uma batalha onde devia vencer o melhor argumento, costuma se dizer que a primeira batalha é travada na media. Na media se esgrimem argumentos, se convencem eleitores e conquistam públicos. Para que isso aconteça todos os contendores devem partir em igualdade de circunstâncias.
Se em democracia, que não é mais senão o poder do povo, se devolve literalmente o poder a este povo num único dia entre os mandatos, que é o dia do voto é preciso deixar que o serviço publico de radio difusão e imprensa publica potencie, capacite, eleve e instrua o eleitorado mostrando a verdade, fazendo perguntas por vezes e aparentemente absurdas para que apareçam as respostas genuínas, perguntando para além do obvio, investigando, etc. etc.
Só o serviço público é legítimo de “bisbilhotar no bom sentido” até a exaustão. Todos os outros órgãos serão sempre conotados com os seus interesses comerciais, com os seus lobbies e a obediência ao patronato.
O serviço público também tem interesses, claro que tem. Também tem lobbies, claro que tem. Também tem patrão claro que tem. Mas este patrão dono absoluto e soberano ao fim de tudo devia ser este povo que apenas em um dia retomado o seu poder para o transferir novamente por delegação a uma cor partidária, a um grupo ínfimo de representantes.
Portanto o foco do serviço público de radiodifusão e imprensa é a sociedade, seu mercado é o cidadão. Se não queremos perder o FOCO talvez este deveria ser o nosso próximo debate a dimensão nacional antes que novamente em 2017 deleguemos o nosso PODER a uma ínfima minoria.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

EURONEWS; CAN NEM EM SONHOS!

Alguém um dia me disse: bom jornalismo é conversa pra boi dormir. O jornalismo é bom quando nos convem e é mau quando não nos convêm.
Lembrei-me deste debate com um dos nossos "super-pesados" veterano escriba no inicio dos anos 2000, depois de ter visto com "olhos de ver" a semana passada a emissão da Euronews e ter procurado constatar nas entrelinhas que critérios aquele canal europeu usa para pautar as matérias. Confesso que fiquei desiludido.
De facto, algures em todos os midia, está mesmo um "super-chefe" que decide o que é noticia e o que não é. Receio que seus critérios não tomam em conta sequer a opinião publica. Porque se assim fosse, o campeonato africano de futebol, mereceria no minimo alguns segundos nos blocos noticiosos da Euronews e algumas figuras africanas teriam saltado para a listas de entrevistados deste mês das diferentes rubricas do canal.
Nem que fosse por saudade das estrelas africanas que ajudam a encher os estadios no velho continente e os bolsos dos  capitalistas com  milhões de dolares.
KANI MAMBO. MÃMÃ ÁFRICA!!!

sábado, 31 de janeiro de 2015

UMA IGREJA, UMA OBRA PARA CONTEMPLAR

Na vila de Camabatela fica uma das mais lindas igrejas catolica romanas de Angola e quiça de África, mas na ida a sede do actual Ambaca se pode espevitar a visão olhando para um postal intermedio, a Igreja Catolica de Samba-Cajú.
Não obstante não ser do quilate da de Camabatela, também merece nossa reverência. Agora melhor um pouco porque levou uma nova pitada de tinta. Bem haja!!!
Pena que não tenha encontrado o Mengueno no seu posto...

domingo, 28 de dezembro de 2014

AINDA AO KAMBA ISIDORO



A prática tem demonstrado que por essa via utilizada pelo nosso ilustre Isidoro Natalício para debitar a sua contribuição para uma comunicação social mais sã, com a melhor das intenções acho, os resultados não tem sido dos melhores.
Não só tem reacções adversas de um e de outro, como é directamente criticado e ou aconselhado por variadíssimas pessoas, se bem que também devemos considerar que é apoiado por uma significativa fatia de companheiros.
 Para mim precisamos cristalizar dois aspectos fundamentais. De um tempo a esta parte (para ser mais preciso, desde a saída do Isidoro dos cargos que ocupou na província que mais ou menos coincide com a conclusão da licenciatura em Ciências da Comunicação) o companheiro tornou-se um aguerrido crítico do desempenho do nosso jornalismo e da nossa assessoria institucional.
Tem discorrido por essa via rios de argumentos, apoio alguns e refuto outros. Olhando só e somente para este contexto a conclusão que se pode chegar é que o companheiro quer contribuir para a mudança.
A pergunta lógica e que não se cala em mim é: porque só agora o companheiro se tornou tão crítico ao desempenho do jornalismo angolano?
Carlos A. Guerra, autor do conteúdo da Cadeira de COMUNICAÇÃO INTEGRAL no mestrado em Ciências da Informação na Universidade Europeia do Atlântico apresenta-nos algumas características essenciais da comunicação interpessoal que nos podem valer no vertente caso.
Uma das características, é o princípio da irreversibilidade da comunicação. “Uma vez que tendo dito algo, não podemos voltar atras, o que se comunica não tem reverso”. Por essa razão é de todo importante planear as ideias com cuidado antes que elas sejam libertas da nossa mente para se tornarem em linguagem. Só assim se evitam os efeitos negativos que uma comunicação inadequada pode provocar.
Sendo o homem. um ser comunicativo por natureza e vocação, é inevitável e impossível viver sem comunicar. Mesmo a “negação a comunicar-se é em si um acto comunicativo”.
Portanto estamos sempre e permanentemente em comunicação. Sendo assim devemos cuidar ao pormenor das mensagens que lançamos e que são apreendidas por todos os sentidos de que nos servimos (audição, olfacto, tacto, visão, paladar...) e na comunicação escrita deve ser preocupação o que os sinais e signos transmitem e o que transparecem transmitir.
A sabedoria popular nos aconselha a saber ler nas entrelinhas. Tudo isso, faz parte do nosso sistema comunicativo no contexto global. Os estudiosos estabelecem duas leis básicas para a comunicação interpessoal:
1 – O que A diz não é verdadeiro, o verdadeiro é aquilo que B entende.
2 – Quando B interpreta erroneamente uma mensagem de A, a responsabilidade é sempre de A.
Ou seja, na comunicação interpessoal, o peso da comunicação recai sempre no emissor. Ao emissor cabe a missão de se certificar de que o receptor entendeu correctamente. Se o emissor deixa em segundo plano esta verificação, não pode responsabilizar o receptor se a compreensão for errada.
Portanto para mim, a insistência com que volte e meia nos brinda com as suas construtivas críticas deve ser reconfigurada para uma nova forma de exercício. Um exercício que possa ser mais didactico e mais persuasivo.
Talvez por essa via logremos maiores êxitos e assim, sim, estaremos a exercitar a nossa cidadania e a mostrar com argumentos e praticabilidade os degraus que vamos vencendo no sinuoso caminho da instrução e aprendizagem. Quiçá na Academia.
Tenho dito.

sábado, 27 de dezembro de 2014

UM RECADO AOS MEUS CAMARADAS ESCRIBAS DA CIDADE JARDIM



Comentei muito recentemente um post do companheiro Isidoro Natalício e a seguir mereci honras de um telefonema para uma conversa doce, cordial e calorosa.
Agradeço a gentileza.
Mas vou ser sincero e se calhar um pouco duro.
Regularmente o Isidoro olha para o roll de incongruências com as quais a nossa media nos brinda todos os dias, se esquecendo que alguns dos autores dos erros actuais, podem ter sido vitimas de um sistema de aprendizado do qual o próprio também fez parte, alias, chegou a dirigir uma equipa inteira de jornalistas, para o caso a do Jornal de Angola no Cuanza Norte onde foi delegado durante quilométricos anos.
Os mesmos que hoje dão a notícia do “CÃO QUE MORDEU UM HOMEM” portanto, notícia óbvia ou ainda notícia sem notícia, podem ter sido alguns da geração que nosso ilustre veterano ajudou a forjar (?). A ser assim, então o Isidoro esta a beber do sem próprio veneno.
Os nossos editores, directores e responsáveis da década de 90, (falo particularmente do Cuanza Norte) fizeram muito pouco para formar uma geração de profissionais digna de ser a substituta de um colectivo que brilhou nos primeiros anos da novel Angola.
Os poucos que se firmaram o fizeram fruto de algum dom natural, arrojo, persistência e alguma dose de sorte.
Senão vejamos. Isidoro Natalício, Simão Kilama, Abílio Correia, Miguel Cândido, Feliciano Quiangala, Pacheco, Borges, Katula, Marcos Bernardo, José Augusto, Rui Serafim, Lucas Ricardo, Evaristo Panzo, Justiça Belengue e companhia (desculpem-me se terá faltado alguém) a “geração dos expoentes máximos” de escriba província, terão sido no conjunto, maus instrutores, péssimos orientadores e até certo ponto uma geração egoísta ao se terem fechado em copas quanto a transmissão de conhecimentos.
Não conheço muitos casos em que são mencionados como tendo sido mestres de alguém o que por si só é grave. Ao que tudo indica, Cuanza Norte não terá sido caso único.
Estarão lembrados, os do meu tempo, que até tocar numa máquina dactilografa robotron nas nossas redacções era pecado. Usar uma uher era um sacrilégio e mandar um despacho para Luanda era o fim da picada. O espaço mediático da província, que se circunscrevia a N’Dalatando, era um reduto reservado a uma “ínfima minoria” onde pouquíssimos tiveram oportunidade de se aproximar.
Ainda guardo fresco na memória, mas sem mágoas, a segregação praticada pelos nossos “seniores” dos tempos idos que só nos mandavam em reportagens de quarta ou quinta categoria.
Os nossos “brilhantes” locutores que só nos pediam para fazer anúncio de estação no final de semana quando fossem embora usufruir das fortes farras na feira, no pavilhão Chefe Príncipe ou nos bares da Emprotel ou ainda curtir um daqueles filmes que parava a cidade.
O que quero dizer é que não houve um processo formativo do tipo de passagem de testemunho do mestre para o aprendiz. Os nossos erros foram sempre motivos de chacota e em algumas ocasiões justificativa para a expulsão.
Que o diga o Belengue, se é que ainda se lembra, que me tirou da cabine de emissão por ter colocado acento tónico na ultima silaba do nome da capital do Gana. Na altura disse: rua e nunca mais voltas aqui.
O Belengue era somente o todo-poderoso CHEFE DO SECTOR DE PROGRAMAS.
Nos dias de hoje idem, não há um processo formativo nas nossas redações. Dizem os que as frequentam que os que sabem, continuam a fechar-se em copas e a fazer troça dos erros dos principiantes.
Sendo o jornalismo uma profissão apetecida, a juventude tomam-na de assalto, refugiados nas suas lindas silhuetas, nos seus vozeirões mais ou menos apreciáveis nos áudio visuais e na sua prosa decorada que mais se assemelha a literatura do que propriamente ao jornalismo.
Mas do que olhar para os erros de hoje (convenhamos, temos erros de sobra) precisamos descer o mais fundo possível, pensar o mais longe e subir o mais alto na procura de soluções originais e adequadas ao tamanho mal que nos apoquenta.
Não devemos fazer dos conhecimentos adquiridos uma peça museológica de nossa colecção privada. Não exibamos a nossa progressão académica como um trofeu inalcançável para os outros e nem pensemos que como de um golpe de mágica de repente os outros estão todos errados e o certo sabemos nós.
De forma didactica, mas urgente, tem de ser despoletado o debate. De forma policial devem ser expurgados os “paraquedistas” e com coragem devemos separar as águas e saber quem é quem.
Não podemos continuar a nos arrogar ao privilégio de sermos jornalistas quando nos apetece na cachimónia como disse um dia um político; eu também sou jornalista.
Será possível um dia um jornalistas irromper num bloco operatório de um hospital e autoproclamar-se médico? Será possível um dia em pleno tribunal um bom redactor autoproclamar-se juiz?
Ouvi recentemente um respeitado sociólogo, docente universitário dizer que alcançou o grau de doutor na sua formação pelo que é professor titular na faculdade em que lecciona e o “jornalismo é a sua segunda profissão por adopção”.
Agora perguntou: eu também posso adoptar a sociologia como a minha segunda profissão, só porque brinco de sociólogo fruto de um par de leituras curiosas que fiz a uma certa bibliografia que a minha comadre Mixingi me ofereceu na tentativa de me cooptar para a sociologia?
Portanto, companheiro Isidoro, desculpe o atraso, mas alguém tinha de dizer a vossa geração que foi egoísta, pouco dada a formação e passagem de testemunho e hoje os escribas que vos servem são os vossos próprios “discípulos” que podem ter aprendido mal o ABC e pior um pouco, a substituir os actuais está outra geração que mal chega a entender que jornalismo estuda-se a tal profundidade que em breve se enterra a geração dos JORNALISTAS POR VOCAÇÃO. Alias, começam a escassear as vocações. Que o digam os católicos!
Confesso que não guardo recalcamentos, alias a indiferença e a falta de partilha da vossa geração forçou-nos a procurar alternativas e hoje podemos orgulhosamente dizer que aprendemos a lição, nos adaptamos e sobrevivemos. Ainda andam por aí alguns exemplares se bem que em vias de extinção.
E ainda vais a tempo de te redimires companheiro.
Finalmente e não menos importante. Os camaradas Silvino e Setila. Primeiro não é de bom-tom que continuemos a trocar animosidades pouco urbanas por essa via. Nem a idade, nem o estatuto profissional e nem o nível académico que ostentam são compatíveis com tal.
Não há ninguém neste mundo que diga tantas inverdades sem que se engane e diga uma verdade e nem verdades que sejam tão verdadeiras que não contenham uma inverdade.
Vós estais condenados a conviver na harmonia, apesar da diferença. De vós esperam-se bons exemplos, porque é já vossa missão fazerem diferente e tentarem deixar esta profissão, que cada um abraçou pelas mais variadas razões, melhor do que encontraram e melhor um pouco do que esta agora.
Pra terminar um desafio: porque não um malavu bem a maneira antiga no sitio do Velho Zizi, alias é Natalício de Natal, não?

sábado, 23 de agosto de 2014

NA ACADEMIA ALUNO NÃO PENSA E PONTO FINAL?



Hoje revisitei o meu blogue. Vagueei nele a ver publicação em publicação as minhas baboseira. Vi, quantas fotos já publicámos, quantos pequenos e médios artigos, quantos postos de entretenimento, quantas retomadas e tentei perceber quanta bibliografia tinha acessado para sustentar alguns argumentos de razão que apresentei. Também fui visitar os comentários, o número de visitas que já recebi e toda a panóplia estatística que o serviço oferece.
Andei, num passeio que confesso subiu o mais alto e desceu o mais fundo e foi o mais longe no meu cantinho MAMBWENE. Confesso a vós irmãos que apesar de não ser obra por ai além, sinto-me satisfeito e recompensado.
Compensado, porque a abertura deste cantinho visou um objectivo fundamental. Desenferrujar a minha cachimónia como forma de me preparar para o alcance de uma meta: fazer a monografia para a obtenção de licenciatura numa faculdade de Ciências Sociais e Humanas de uma tal universidade.
E como desenferrujou e me ajudou a espevitar a minha curiosidade! Fiz esforço de identificar as fontes das citações que usei, os artigos que não são de minha autoria que retomei estão identificados e em alguns textos já tinha começado a prática de colocar a bibliografia em rodapé no final de cada artigo.
Falei um pouco de tudo. Desde os temas sociais a política. Das constatações as revelações. Um pouco de tudo. Ao fazer isso, estava tão-somente a treinar para a grande meta: o meu trabalho de fim de curso. Desde logo aprendi que devemos ser honestos nas referências bibliográficas, mas nunca ninguém me disse ou nunca li em literatura nenhuma que fosse proibido parafrasear ou construir nossas próprias ideias abstraídas do senso comum ou do entendimento que temos das coisas, dos fenómenos e da realidade vivida. Alias, "eu penso e logo existo" e por isso com direito a opinião própria.
Como disse um dos críticos “os estudantes tem de citar as fontes, não é possível ideias bem formuladas em parágrafos onde não aparece de onde tiraram isso. Este comportamento configura plágio”.
Pois é, bem me parecia que ser aluno é não ter opinião, não saber escrever uns tantos parágrafos ou encadear uma serie deles sem fazer recurso a escritos de outrem!
Lixa-se, só me faltava mesmo essa.
Já não será de estranhar se me perguntar quem é o autor das fotos com algum valor artístico ou jornalístico que tenho neste blogue…
De onde chapei os artigos, que não obstante os erros fazem algum senso e se aproximam de algo com alguma lógica.
Ou ainda quem é o autor do blogue do qual me intitulo ser autor.
E Blá, blá, blá…
Que se lixe a vossa praxe. Aqui ao menos eu sou eu mesmo.