segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O TRANSITO TUDO A TOA DA NOSSA LUANDA

Que é verdade que o governo angolano fez um sprint digno de registo no que toca a melhoria das infra-estruturas rodoviárias, não temos duvidas. Que Luanda teve num abrir de olhos significativas mudanças nos seus principais eixos rodoviários, não temos duvidas.
Que rasgar as estradas do país Luanda afora, nos dias de hoje esta mil vezes melhor que no ontem recente também não temos duvidas.
Do que tenho duvidas, é das engenhocas que volte e meia aparecem do nada e fazem moda na vossa cidade. Lembro de uma dada altura ter visto uma intensa campanha que prometia melhorias no trafego de Luanda quando fosse implementado o tal sistema de transito ou circulação binária, ou algo parecido. Diziam os protagonistas da engenhoca que era uma solução suis generis e que viria aliviar o nosso sofrimento nas estradas de Luanda. Da promessa não passou.
Logo a seguir foi a chuva de semáforos que agora, diga-se com sinceridade, até já provocam nojo e nada de melhoria no pesado transito “tudo a toa”como diz o George Gomes na radio +.
Como se não bastasse tantas engenhoca depois veio a tal de betonar (vem de betão) a estrada dividindo os sentidos com um autentico MORO DE BERLIM e toca colocar retornos que explicados na altura através da media parecia grito de ultima geração no que o trafego diz respeito.
Primeiro susto foi ver que quando venho do Sanatório (Palanca) a caminho do Largo da Independência preciso trepar até para lá da entrada do INEA e buscar o retorno acabando por se misturar com os que em similar preocupação busca retornar para Viana quando vindos da Frescangol e que buscam o retorno na longínqua estatua do Motorista quase a desembocar no cemitério da Santa Ana.
E é assim com tantos outros eixos bastante fluidos na nossa Luanda. O “inventor” dos retornos até tinha pensado em retornos mais operacionais, mas como estava bom demais e a missão de muitos que sugam o nosso dinheiro através de projectos é perpectuar o caos para continuarem a projectar as engenhoca optaram então por vedar certos retornos que estavam a facilitar a vida aos utentes de via.

Fechados estes retornos facilitadores, todo mundo tem de se afunilar nos pouquíssimos retornos abertos quais abelhas em busca do néctar em uma flor. Para fechar com chave de ouro logo de manhã, quando se deveriam criar condições para que todos chegassem aos postos de trabalho frescos e bem dispostos para dar o litro vem um policia fazer valer o CODIGO DE ESTRADA e toca combater as excessivas filas colocando a sua moto a tapar metade do retorno.
Hoje fui vitima deste filme que a semelhança com os vividos por outros angolanos não é pura coincidência e no final o espetáculo foi uma fila de gente xingando, xingando e xingando...
..Sinceramente aqui é mesmo TUDO A TOA.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

ZENILDA; PARABENS


Quando em Maio, faziamos a cerimonia comemorativa de 2 anos de emissão do programa 100 DUVIDAS, a Zenilda foi eleita pelos colegas como a figura da equipa.
Estavamos na União dos Escritores Angolanos, e eu tinha sido o responsavel pelo processo de votação e encarregue de divulgar o resultado apenas no dia D. Confesso que fiquei surpreendido com a escolha. Não presumia que a rapariga que simpaticamente me chama de Kamaka ou Chefinho colhesse tanta simpatia dos colegas.
Na ocasião a BBC WST Angola, simbolicamente ofereceu um quite de reportagem a nossa reporter. Nada melhor podiamos dar senão uma ferramente fundamental para quem faz da reportagem a sua principal actividade. Para complementar demos tambëm um diploma. Muitos sorrisos e aplausos e até a contemplada chorou. Eu lhe disse baixinho: nada de lagrimas, melhores momentos estavam por vir. Disse isso do nada. Porque não tinha melhores momentos nenhuns. Mas, quis o Juri do premio maboque me salvar e surpreendentemente atribui o premio revelação a Zenilda.
bati palmas naquela noite, mas esperava, que a contemplada pudesse lembrar da minha façanha de vidente, pois previ o premio.
Apesar da sua ingratidão, PARABENS CAMARADA PRA FRENTE É O CAMINHO

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

ESTRADA DA VIDA, A NOVELA SOBRE GENERO E GOVERNAÇÃO

Esta é a logomarca do novo atrativo de entreitenimento e informação da Radio Ecclesia. Trata-se de uma radio novela produzida pelo Forum de Mulheres Jornalistas para Igualdade no Genero em parceria com a BBC WST e Radio Ecclesia com financiamento da UE.

Por si só, é um projecto inovador que aborda um tema chave dos nossos dias nessa nova Angola que pretendemos construir: O GENERO E BOA GOVERNAÇÃO. O produto radiofonico a ser emitido nas antenas da Radio Ecclesia, introduz tecnicas e tecnologias novas no seu processo de produção e usa a pesquisa prévia como uma das ferramentas fundamentais para tentar buscar e satisfazer as expectativas da audiencia.

Merecidamente, publicito a iniciativa neste meu cantinho porque a ela estou associado, mas acima de tudo para dar os parabens as mulheres e homens que acreditaram e que hoje tornaram possivel o inicio da caminhada nesta ESTRADA.

Portanto, encontro marcado as terças as 8 horas e as quintas as 9 h nos 97.5. Estamos a espera da sua contribuição atraves dos diferentes canais de comunicação disponiveis, a saber:

rnestradadavida@gmail.com

SMS 932938457

Estamos a espera do seu feedback. Força Angola.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Como o titulo da minha pagina ilustra, procuro trazer aqui as coisas que vejo por essa Angola e este pedregulho é simplesmente fantastico.
Esta na região do Seles, provincia do Kuanza Sul. Tenho vontade de o escalar um dia...
Estou a pensar levar o JP comigo para queimar gorduras e o Pedrox para acentuar a careca. Tambem vem o Mbaxi acompanhado de um tintol e o velho Wezzo com a coluna Kimakienda a reboque...


maravilhas de Angola

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A BANGA CINICA DOS TEMPOS MODERNOS

Gostei de ouvir Don Franklin hoje quando se referia a nova moda em voga no país, a corrente que quer legalizar o aborto. Já alguns dias me diverti tanto com o sarcasmo do discurso de Don Kahango, quando se referindo ao mesmo assunto dizendo qualquer coisa como era a dor de estar a chegar de uma viagem e encontrar a esposa ja "sacou" o filho de forma legal porque pura e simplesmente não queria gerar mais uma vida.
Estamos na aldeia global. Somos parte do mundo e não podemos nos ausentar dos seus acontecimentos. Somos partes do mundo e sofremos com os seus dilemas tal como nos alegramos com as suas invenções (as boas claro).
Apesar de tudo isso, não precisamos embarcar em todas as modas porque senão em breve estaremos tramados. lá mais ao longe, abortar pode ter a sua causa aceitavel, mas cá entre nós, com os nossos mais de um milhão de quilometros quadrados habitados por cerca de 20 milhões de cidadãos, como se diz, será mesmo assim tão importante legalizar o aborto?
Será que com a sorte com que Deus nos bonificou, com o potencial de recursos, com o crescimento metereoritico que registamos todos os anos é ja mesmo uma necessidade controlarmos a natalidade fazendo recurso a tecnica mais radical, o aborto?
Agora que olho para a foto do puto Maombica, mais um rebento da minha mana radiante ao lado, me pergunto de onde teriamos tirado lenços para enxugar as lagrimas se efectivamente a Isabelita por força dessa nova banga pudesse mandar o canuco para o "quinto dos infernos" pelo simples facto de lhe ter dado na boia praticar um aborto.
Diz-se a boca pequena na nossa familia, que o canuco é o mais lindo dos rebentos da minha maninha (se bem que acho que o mais lindo é o meu chará).
Sinceramente, Don Franklin tem razão: SE AS NOSSAS MÃES NOS TIVESSEM ABORTADO ESTARIAMOS AQUI A FAZER ESSA BANGA TODA?

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

OS CHAVÕES ECTNICOS QUE MUITOS QUEREM PERPECTUAR

batuqueiros tocando o Kaboquele na comuna do Terreiro, Bolongongo. A riqueza da cultura Hungu.



OS CHAVÕES ECTINICOS QUE MUITOS QUEREM PERPECTUAR

SULANOS, LANGAS OU SEJA LÁ O QUE FOR O QUE NOS UNE É ANGOLA
Com muita regularidade oiço a Radio Ecclesia. Posso me gabar de ser ao fim de contas um ouvinte assiduo. Que o digam os colegas de profissâo da casa que em mesmo que poucas vezes ouviram de mim uma critica ou um elogio fruto das minhas audições atentas.
Em consequencia disso, retive da crónica VISÃO JORNALISTICA, chancelada pelos kotas Mauricio Camuto Siona Casimiro uma analise à frio em torno do insulto à “sulanos” no nosso parlamento (que uns escribas chamam emiciclo, não sei por que carga d’agua) que afinal tinham derivado do mal entendido da palavra SOBERANO.
Segundo os kotas autores da conica o soneto foi pior ou seja o corrector usado não foi bastante eficiente para apagar a mancha e pouca gente engoliu o sapo, apesar de a margem do evento da SADC termos vindo o autor da emenda em rasgados sorrisos com membros do grupo insultado ou no minimo que assim se sentiu. Portanto os sorrisos podem ser considerados como sendo parte da falsidade da politica onde afinal 2+2 nem sempre é iguam a 4.
Depois de toda essa encrenca lembrei-me que SULANO é insulto sim- Cresci a ouvir esta palavra lançada como favas aos nossos vizinhos nas traseiras da descasca na vila do Bolongongo. Muito estivessemos sujos depois de jogar a bola vezes sem conta o adultos diziam: ESTAS TÃO SUJO PARECE UM SULANO, PARECE UM BAILUNDO, PARECESTE AO PEDRO DA DESCASCA.
Retenho até hoje a correcção feita pelo meu professor na 1ª classe (João Bamina, ja falecido e Deus o tenha) a um colega e primo o Victor Albino Cuzuandua que tinha dificuldades na leitura quando disse qualquer coisa como: vam`bora.
O professr que estava por perto ouvi e disse alto e bom som: Victor vam´bora é fala dos sulanos, diz-se vamos embora.
Presumo que mesmo que tivesse vivo, o kota Bamina não se lembraria, tal como não se lembrava da surra que nos deu em 1979 quando nos viu eu, o Valentin Fernando Zangui e o João Bento Bengui ir a igreja do Bolongongo por altura da visita do Bispo Andre Muaka, porquanto era proibido aos pioneiros da OPA ir a igreja.
Portanto, não vale apena tapar o sol com a penera porque esta mancha existiu e existe. Grande contributo seria sim puxar as orelhas aos autores de tamanha barbaridade em tão importante orgão da nossa nascente democracia. Os autores ou autoras de tal insulto, não são dignos de estar no parlamento se se esconda atras da confortavel maioria do MPLA para não enfrentarem a mão disciplinadora da comissão de etica e a censura publida de todos nós eleitores de Cabinda ao Cunene. Haja coragem, as gravações existem e é possivel identicar o autor (pelo que posso deduzir do tom de voz é uma autora).
Excelentissimos eleitos do povo: a nossa sociedade enferma deste mal. Ao ter sido levado ao Parlamento, recuei no tempo e tristemente lembrei-me dos anos 80, quando ja estudante na escola feminina de Ndalatando, nunca tive coragem de dizer aos meus colegas qual era o meu bairro. Foram poucos os colegas que souberam da minha moradia enquanto que outros tantos sempre supuseram que em morava no bairro Popular tal era a minha frequencia a casa dos meus amigos João Pedro e Francisco Pedro. Tudo isso, porque eu morava no bairro Banga e o bairro Banga em Ndalatando era o bairro dos Mahungu, e os Mahungu comiam cobra, e eram todos da FNLA. Portanto, o pior que um adoloscente como eu, que até ja estava na equipa do programa infantil da RNA loval, podia fazer , era identificar-se com aquele povo, os MAHUNGU.
Passaram os dias, alguns de nós conquistaram alguma posição. Nos anos noventa os primeiros quadros Mahungu começam a ascender ao topo. Uns tantos rejeitam a sua identidade, mas alguns honestos consigo mesmo a asumem. Foi então que um grupo de corajosos cidadãos começam a falar abertamente a língua e assumir-se “somos mahungu e ponto final”. Essa assumpção veio a culminar com a colocação da lingua na grelha da programação da Radio Kuanza Norte, sem antes ter havido mal entendidos ao ponto de certos colegas a terem considerado como uma lingua sem recursos linguisticos suficientes e sem bibliografia para servir de apoio a produção de um programa de radio.
A estes detractores, e porque eu estava numa posição previlegiada na hierarquia da estação simplesmente disse: o suporte bibliografico para o programa em dihungu estava na fala dos povos do Bolongongo, Quiculungo e Banga. Estava nos mais velhos, estava nos adagios, nas estorias, nas canções, nos ritos e rituais dos Mahungu, ESTAVA NA ALMA DA NOSSA GENTE.
Portanto depois de ouvir aquilo que ouvi em plena assembleia nacional recuei aqueles tristes mas hoje memoraveis tempos quando até tentamos mudar o nome de bairro Banga para BB e posso ne sentir na pele dos que foram insultados porque eu tambem ja fui insultado.
A questão agora é: quem criou esses chavões?
Diz que foram as autoridades coloniais ao aplicar o principio de dividir para melhor reinar, entretanto nós retomamos e perpectuamos. Penso que os nossos movimentos de libertação nacional tambem têm quota parte de culpa. Por exemplo diz-se que para o caso MAHUNGU no Kuanza Norte o esquema para denegrir foi montado como arma ideologica para derrubar a FNLA. Recentemente quando Cajocolos, um espaço de humor que bateu bastante na RNA fazia moda fazendo recurso ao sutaque peculiar do sumo na VORGAN ouvi versão igual, mas o sutaque dos protagonistas era o peculiar da gente do norte.
O “languismo” é outro chavão que criamos e estamos a dar vitalidade. Cantamos, zombamos, denegrimos, enfim fizemos tudo. Agora pergunto em nome de que causa? Não será surpresa que o autor de “sulano” no nosso parlamento volta ao ataque quando por ai ouvir “SOBERRRANO”. Todavia, aqui os engenhosos bombeiros terão de usar outro artifice, porque se o autor for chamado de LANGA ficará muito distante o argumento de que foi um mal entendido porquanto de SOBERANO para sulano AINDA BATE, mas de soberano para LANGA será um bico de obra.
Seja quem foi o autor não merece estar naquela respeitavel casa.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

SUCESSÃO DE JOSE EDUARDO DOS SANTOS

NOTA PREVIA: Nunca tinha lido, escrito por alguem da familia MPLA, um artigo ou ouvido um pronunciamento com tanta frontalidade e honestidade como a que encontro neste artigo do deputado e jornalista por demais conhecido entre os escribas angolanos.
Ja debati este tema, inclusive com figuras sonantes do MPLA e nunca me senti satisfeito com as evasivas respostas que sempre recebi. Em todas as ocasiões, tive sempre a sensação, de que a sucessão do nosso presidente era uma tema tabú.
Agora garimpo, de uma pagina famosa de informação na net (club K), este artigo retomado do Novo Jornal para o partilhar com o pequeno grupo de meus visitantes, ou seja a minha malta, nesta pagina para nos irmos precavendo porque um dia, tarde ou cedo o “o nosso lider” vai tirar o pé. Ficaremos orfãos, mas naturalmente a vida continuará.
Leia por favor o corajoso pronunciamento do deputado JM.



"A sucessão do presidente José Eduardo dos Santos nas eleições gerais de 2012 é inevitável, politicamente acertada, necessária para permitir a continuidade e a renovação do regime e um passo determinante para a consolidação da jovem democracia angolana. Será mais uma contribuição ao legado que ele deixará, sem sombra de dúvidas, para a afirmação de Angola como um país independente, íntegro, reconciliado, estabilizado e com voz própria no cenário regional, continental e internacional.
Ainda há quem, dentro do MPLA, esteja com medo dessa mudança “anunciada”. Trata-se, sobretudo, de dirigentes e militantes históricos, ligados à luta de libertação nacional, logo, “companheiros de estrada” do presidente, o que torna esse receio perfeitamente compreensível. Entretanto, e mau grado o reconhecimento que nunca será de mais fazer em relação ao papel daqueles que ousaram pegar em armas para combater o colonialismo português, impõe-se lembrar que Angola já tem mais anos de vida como estado independente do que os dezasseis anos de luta de libertação nacional.
É preciso entender que o que está em jogo é o regime, o qual, mais do que indivíduos, famílias ou grupos, é um sistema de instituições e de cidadãos mobilizados e organizados em torno de um projecto de nação e de país determinado, com princípios e objectivos pré-definidos. Para resumir com uma expressão, o regime defendido pelo MPLA visa uma nação unida na sua diversidade, reconhecendo e aceitando as diferenças étnicas, raciais, culturais e outras existentes, e um país moderno, próspero e socialmente equilibrado, capaz de afirmar-se externamente de maneira autónoma e soberana. Esse projecto, no qual acreditam milhões de angolanos, está em plena construção.
Embora sujeito a erros, como qualquer mortal, José Eduardo dos Santos contribuiu decisivamente para a afirmação e a consolidação do actual regime angolano. Depois de ter participado na luta pela independência, assumiu a presidência em 1979, aos 37 anos de idade, em condições dramáticas. A sua nomeação coincidiu com o período em que uma poderosa conspiração internacional, liderada pela administração Reagan, apostou todas as fichas, inclusive a militar, na destruição do MPLA e na transformação de Angola num satélite do apartheid sul-africano.
Após várias vicissitudes, que seria fastidioso recordar neste espaço, Angola sobreviveu, conquistando a paz e preservando a sua integridade territorial, deu início a uma política de reconciliação quase perfeita e, além disso, começou rapidamente a crescer e a reconstruir-se. Em todas essas etapas, o presidente sempre foi o líder que a situação exigia.
Entretanto, nem o relógio biológico de cada um deixa de funcionar nem a História pára. José Eduardo dos Santos fará 70 anos em 2012, altura em que completará 33 anos de poder. Assim, é justo, por um lado, que ele tenha ainda tempo de descansar e de gozar um mais do que merecido “repouso do guerreiro”. Por outro lado, ninguém minimamente atento pode ignorar o actual cenário internacional, que não é, em absoluto, propício ao excessivo prolongamento no poder das lideranças políticas.
Em 2012, terão passado dez anos depois do fim da guerra em Angola. O país tem uma nova constituição, que, sendo bastante avançada em matéria de carta de direitos dos cidadãos, é, em termos de sistema de governo, mais adaptada à “maioria sociológica”da nação, o que assegura à partida maior estabilidade institucional. O MPLA é um partido experimentado, com grande capacidade de adaptação e cuja “máquina” não deve ter paralelo em mais parte alguma do mundo. Tudo isso torna correcta, necessária e perfeitamente viável a sucessão do presidente no próximo ano.
É mister recordar (sobretudo aos que pensam que o mundo começou depois das “revoluções” no mundo árabe) que José Eduardo dos Santos já tinha anunciado em 2001 que não seria mais candidato do MPLA. Na altura, fui talvez o único “opinion maker” que, em artigo publicado no semanário “Agora”, manifestei a minha confiança nas palavras do presidente, o que estava na contra-corrente das análises dominantes. Hoje, na posse de novas informações, reitero mais uma vez essa confiança.
Segundo sei, há duas fórmulas em discussão para levar a cabo a sucessão presidencial. Uma delas, que corresponde às inquietações daqueles que temem os efeitos da saída de José Eduardo dos Santos, prevê que este seja o candidato do MPLA em 2012, devendo, em princípio, renunciar ao cargo dois anos depois, altura em que seria substituído, como reza a constituição, pelo vice-presidente. A outra prevê que, em 2012, o MPLA submeta aos eleitores duas figuras completamente novas para os cargos de presidente e vice-presidente. Em ambos os cenários, José Eduardo dos Santos continuaria à frente do MPLA até 2014.
Na minha opinião, a candidatura de José Eduardo dos Santos em 2012 (mesmo, ou sobretudo, “sabendo-se” que dois anos mais tarde ele seria substituído) levanta, desde logo, um risco concreto: o desgaste da sua autoridade administrativa e política. Por outro lado, atrairia inevitavelmente críticas, ataques e até conspirações (principalmente urdidas no exterior). Ou seja, trata-se, segundo acredito firmemente, da solução menos recomendável seja para preservar o legado e a imagem política do presidente seja para permitir a renovação do regime.
Como militante e deputado do MPLA, mas também como cidadão, defendo o outro cenário, que implica a saída de José Eduardo dos Santos da chefia do Estado em 2012, continuando como o presidente do MPLA até 2014."